Ótima reportagem da Veja em 2001 sobre o até hoje não muito bem explicado Laranjal da família Mattos, que conseguiu emplacar um senador, legítimo representante da elite branca e sempre preconceituosa da Província de Maringá, sem ter tido um voto sequer da população. Nestes tempos de laranjal do Renan Calheiros, é sintomático observarmos isso.
Consuelo Dieguez "Ação entre amigos", copyright Veja, nº 1.698, 2/5/01
"Um dos inegáveis feitos do Ministério da Educação foia democratização do ensino superior, com o crescimentoacelerado do número de faculdades implantadas no país.Vai tudo bem nesse campo, menos por um detalhe: oscritérios adotados pelo Conselho Nacional de Educação(CNE) para autorizar o funcionamento de novasinstituições. Há suspeitas de que critérios nãoestritamente técnicos nortearam a abertura de muitoscursos. O CNE, órgão que está ligado à estruturaadministrativa do ministério e funciona comconselheiros indicados pelos órgãos de ensino e poroutras entidades de fora do governo, decide que cursossuperiores podem ser abertos, em quais cidades etambém os que devem ser fechados por andar mal daspernas. Seria de imaginar que o conselho estivesseacima de qualquer interesse, a não ser o de garantirum ensino de qualidade. O que ocorre, porém, é queesse órgão tem sido palco de uma ação entre amigos, naqual se aprovam projetos de interesse de grupos comque os conselheiros têm ou tiveram algum vínculo. Piorque isso, sem que o próprio Ministério tenha controledessas ligações, porque os pedidos são feitos em nomedas mantenedoras dos cursos, sem informação sobre quemsão seus donos. Esse expediente deu margem a situações no mínimocuriosas. Como a do conselheiro Yugo Okida,vice-reitor da Universidade Paulista (Unip), quepertence a um dos maiores grupos educacionais do país,o Objetivo, do empresário João Carlos Di Genio. Okidatambém é sócio de Di Genio no Objetivo e em outrosnegócios do grupo. Não vota nenhum parecer relativo àUnip. ‘Não seria ético’, explica. No entanto, não temo mesmo cuidado quando se trata da aprovação deprojetos de pessoas ligadas ao grupo Objetivo. ‘Nãoposso impedir meus parentes ou sócios do Objetivo deabrir suas faculdades’, explica. Há exemplos em vários Estados. No Centro de EnsinoSuperior de Maringá (Cesumar), no Paraná, os sóciossão Cândido Garcia, Jorge Brihy e Oswaldo PereiraBarbosa. Brihy é sócio de Okida e Di Genio noObjetivo. Já Pereira Barbosa é cunhado de Di Genio. Emmaio de 1998, Okida deu parecer autorizando o curso defisioterapia na Cesumar. Em João Pessoa, Brihy eOswaldo Barbosa aparecem como donos da AssociaçãoParaibana de Ensino Renovado junto com Emiliane Kubo,sobrinha de Okida. Brihy também figura como sócio naSociedade de Desenvolvimento Cultural do Amazonas, querecebeu autorização de Okida para montar um curso decomunicação. Na Bahia, quem está à frente daAssociação de Ensino Superior Diplomata, além de Brihyé José Augusto Nasr, também sócio do grupo Objetivo. Oconselheiro nega qualquer favorecimento. Lembra que ovoto do relator é sempre acompanhado de decisões demais dois relatores. ‘Não mexo em uma vírgula doparecer que vem da Secretaria de Educação Superior.Será que todos estariam coniventes com o Objetivo?’,questiona, deixando de lado a informação de que ospedidos são feitos apenas em nome das mantenedoras. Okida não está só. O conselheiro Lauro Ribas Zimmerfoi reitor da Universidade Estácio de Sá, doempresário João Uchôa Cavalcanti e tem o hábito deaprovar projetos a ela ligados. É o caso da Sociedadede Ensino Superior de Pernambuco e da Sociedade deEnsino Superior do Ceará, em 1998 e 1999. Ambaspertencem ao grupo Estácio e receberam voto favorávelde Zimmer. A defesa, mais uma vez, se escuda nadiferença entre o nome das instituições autorizadas afuncionar. ‘Ele sempre recusa os projetos em nome daEstácio de Sá’, atesta o vice-presidente da Câmara deEducação Superior, Arthur Roquete de Macedo, daFundação Cesgranrio de São Paulo. Zimmer esquiva-sedos cursos que aprovou em Pernambuco e no Ceará. ‘Podeter acontecido em outra época’, diz. Também chama a atenção o caso do Instituto de EducaçãoSuperior de Brasília (Iesb). À frente do centro, queabriu nada menos que doze cursos em dois anos, estáEda Machado Souza, mulher do chefe de gabinete doministro Paulo Renato, Edson Machado. Antes de abrirsuas faculdades, Eda era funcionária da Secretaria deEducação Superior (Sesu), responsável pelos cursossuperiores do país. Outra coincidência é que o Iesb,antes de se estabelecer definitivamente, usouinstalações do Objetivo em Brasília. O atualsecretário da Sesu, Antonio Macdowell de Figueiredo,não vê conflito de interesse no fato de a mulher dochefe de gabinete ter uma faculdade. Não há lei queimpeça, é verdade. Mas não é uma situação inteiramenteconfortável. O professor João Carlos Di Genio defende-se atacando.Alega que seus 35 anos no mercado justificam o tamanhodo império que montou. Explica também que o plano decarreira do Objetivo inclui apoio para os professoresabrirem escolas depois de dez anos de trabalho – daí aquantidade de pessoas ligadas ao grupo à frente deinstituições de ensino. ‘Tem gente com muito menosestrada que abriu mais cursos que nós e em menostempo. Não há controle’, indigna-se. A velocidade comque surgem cursos no país é realmente estonteante.Entre 1996 e 2000, foram criados 2.016. Uma média deum curso e meio por dia em quatro anos. Para evitarirregularidades e garantir a qualidade do ensino, éessencial que esse crescimento seja regido porcritérios técnicos rigorosos. A falta de controledeixa no ar um cheiro de favorecimento incompatívelcom uma política educacional eficiente."
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Cesumar, Senador do Voto Zero e o Laranjal
Postado por Inconformado às 23:13
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3 comentários:
Vou passar este texto ao meu blog e indica-lo. è por isso que a ACIM ri da UEM. Ri macaco!
É uma vergonha!!!!!!
Esse Wilson Mattos, "reitor", e seu filho "vice reitor", não passam de dois laranjas que devem ter repassado recursos não contabilizados de campanha para a o senador Alvaro Dias através das fundações privadas de ensino superior que ele representa.
É tudo uma grande vergonha!
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